Cavaco Silva apresenta-se nestas eleições Presidenciais oferecendo um Portugal Maior numa campanha eleitoral financiada por grandes senhores do dinheiro. Estes senhores nunca olharam para os portugueses, olharam sempre para os seus lucros. Este Portugal que Cavaco Silva defende é um Portugal com maior desigualdade entre ricos e pobres, com maiores impostos, com maiores ataques aos trabalhadores. Este candidato que é o maior defensor dos interesses instalados, do nosso modelo de desenvolvimento assente em baixos salários, apresenta-se hoje como um homem de diálogo mas afirma que raramente se engana e nunca tem dúvidas considerando o debate de ideias como um “bloqueio”.
Cavaco Silva não serve Portugal, não que seja desonesto, mas porque no seu mais íntimo sentir considera que o progresso consiste num aumento de lucros e não num aumento de salários. Cavaco Silva deu mostras da sua sensibilidade quando perseguiu Saramago “entregando-o aos espanhóis” e quando condecorou dois P.I.D.E.S.
Não precisamos deste Portugal Maior. Como o meu camarada Jerónimo de Sousa referiu, o que precisamos é de um Portugal Melhor, onde se combata as desigualdades sociais, onde se lute pela criação de emprego com direitos, onde todos possam estudar, onde quem necessita de cuidados de saúde possa efectivamente tê-los, um Portugal onde as pessoas possam viver em habitações dignas, enfim, um Portugal diferente do de Cavaco Silva. Os portugueses não precisam do mesmo rumo, da mesma chapa gasta, do favorecimento aos grandes grupos económicos e do aperto do cinto a quem não pode pagar.
Os portugueses precisam de um Portugal onde todos tenham os mesmos direitos e os mesmos deveres, um Portugal de Indústria, de Agricultura, de Pescas e de Comércio e Serviços, não um Portugal das férias dos europeus. Um Portugal onde todos os que cumpram as obrigações tenham direitos e os que não cumpram sejam obrigados a cumprir. Precisamos urgentemente de romper democraticamente com as linhas e orientações que nos conduziram à cauda da Europa.
O caminho a seguir não passa pela exclusão de ninguém, todos somos poucos, mas necessitamos de ser solidários e ter um objectivo comum, a melhoria das condições de vida de todos os portugueses. Já chega de derrotas, de apostar em candidatos que não conseguem ver para além do lucro e exploração das pessoas. O progresso não passa por garantir a 5% de portugueses fortunas fabulosas e remeter os outros 95% para uma situação precária.
O papel do Presidente da República na defesa de uma Constituição que defende um Portugal de todos os portugueses é imprescindível e como se sabe, Cavaco Silva não o quer fazer. Cavaco considerava o cumprimento das orientações da nossa lei fundamental como um bloqueio. Votar Cavaco Silva é continuar na mesma, ou seja, cada vez pior.
*Militante do Partido Comunista Português