O nosso concelho sofre, agora mais do que nunca, os efeitos perversos das privatizações dos transportes públicos.
Hoje, quase na totalidade do concelho da Moita, duas empresas de transportes concorrem entre si. O que deveria ser um complemento transformou-se em concorrência directa. A ferrovia compete com a rodovia numa faixa central do concelho, cobrindo, na maioria do território, a mesma área. Além desta pertinência geográfica, a qualidade e a frequência dos autocarros e comboios deixa muito a desejar.
O actual modelo não serve de modo nenhum a população. O correcto seria que os autocarros complementassem o serviço dos comboios, sendo que o meio mais móvel (autocarros) servisse as populações de uma forma perpendicular ao eixo ferroviário, abrangendo os lugares menos centrais do concelho e interligando-se ao transporte ferroviário.
Este modelo funciona muito bem na Europa, nomeadamente na Área Metropolitana de Londres. Não é preciso inventar nada, basta seguir os bons exemplos.
A questão que se deve colocar é: Como é que se pode implementar o modelo para resolver o problema? Cabe ao Ministério dos Transportes (que também privatizou estes serviços) exigir que as empresas rodoviárias tenham em atenção, pelo menos, a frequência e a distribuição espacial das carreiras no concelho da Moita e, no que diz respeito aos comboios, garantir a modernização da linha e aumentar a frequência e a qualidade dos mesmos, oferecendo assim transportes públicos de qualidade a um maior número de munícipes.
Para que este modelo funcionasse na sua perfeição, é imprescindível que uma proposta apresentada pelo Partido Comunista Português na Assembleia da República, recusada pelo Partido Socialista, fosse aprovada: o alargamento da cobertura do passe social L123. Com este modelo a funcionar, e com as pessoas a poderem usufruir do L123, estou convicto de que mais munícipes usariam os transportes públicos no nosso concelho, o que faria diminuir a poluição atmosférica, a circulação de carros nas nossas estradas e aumentar significativamente o número de lugares de estacionamento nos centros dos núcleos urbanos.
Parece-me uma questão de bom senso e racionalidade. Parece-me que todos nós ganharíamos e muito se isto fosse uma realidade.
*Geógrafo, Mestre em Ciências e Engenharia da Terra
Candidato à Assembleia de Freguesia da Baixa da Banheira
Militante do Partido Comunista Português