O CDS-PP não existe no distrito de Setúbal, as suas candidaturas à Assembleia da república e às autarquias locais são, na generalidade, um logro aos eleitores.
Acreditei, como muitos outros, ser possível dar ao eleitorado do distrito de Setúbal a opção de votarem num partido de Direita, com militantes, quadros e estruturas locais e distritais unidas, coesas e credíveis.
Porque assim acreditávamos, traçamos um rumo: nós por nós próprios. Isto é, seriam os militantes do CDS-PP no distrito de Setúbal que definiriam as grandes opções estratégicas e as assumiriam, na sua plenitude, enfrentando com os seus militantes e quadros todos os desafios eleitorais.
A isto se opôs o Dr. Paulo Portas, que ao longo dos seus mandatos foi colocando obstáculos e resistências a este projecto e a este vasto grupo de militantes do distrito. Quanto à vontade livre dos militantes do distrito, ela revelou-se no Congresso de Lisboa de 2005 e, posteriormente, nas eleições para os órgãos distritais, nas quais a lista apoiada pelo Dr. Paulo Portas e pelo Deputado Dr. Nuno Magalhães foi expressivamente esmagada.
A manutenção por parte do Dr. Paulo Portas da sua política de promover os seus “yes man” levou à saída em massa dos militantes descontentes, os quais eram, sem dúvida, os melhores que o distrito tinha.
Na altura, vaticinámos que o CDS-PP no distrito de Setúbal estava morto.
Alguns, aqueles que agora estão à frente das estruturas locais e distritais (e que nós conhecemos tão bem…), vieram argumentar que não. O resultado está à vista. O tempo deu-nos razão…
Com efeito, após a eleição de estruturas locais e distritais “de papel”, constatamos agora a apresentação de candidaturas autárquicas e à Assembleia da República que não representam quer os militantes do CDS-PP quer o seu eleitorado.
E faço esta afirmação alicerçado, por agora, nos seguintes factos:
1 – A lista apresentada à Assembleia da República é composta, na sua maioria, pelos actuais membros da Comissão Política Distrital, a qual foi eleita por…66 militantes do distrito, quando, em passado recente, votavam cerca de 240 militantes. Uma estrutura distrital que não motiva nem representa os seus militantes como pode aspirar a representar os eleitores da Direita?!
2 – As listas autárquicas são preenchidas com recurso a elementos estranhos a esses concelhos, num grau nunca antes registado. A título de exemplo, vejam-se os casos de Alcochete e do Barreiro: em Alcochete, dos 28 candidatos, 27 têm residência fora do concelho; no caso do Barreiro, a lista apresentada à Câmara Municipal, em 12 candidatos apenas 1 tem residência naquele concelho.
3 – Os exemplos acima mencionados replicam-se por todo o distrito, mas a situação de Alcochete é, para o CDS-PP particularmente embaraçosa: o seu candidato à Assembleia Municipal, o Eng.º Miguel Roquete, que também é o número dois na lista concorrente à Assembleia da República, é, há mais de dez anos membro da Comissão Política Nacional e também, desde essa data, praticamente ininterruptamente, vice-presidente de sucessivas Comissões Políticas Distritais de Setúbal…É caso para perguntar: Que tem feito ele pelo CDS-PP? Como não consegue envolver os militantes do CDS-PP de Alcochete nas listas autárquicas de Alcochete ao contrário de outros antes dele? Será que não tem vergonha na cara e não apresenta a sua demissão dos cargos políticos que ineptamente vem ocupando?
Por estas e por outras razões, que a seu tempo e se for necessário abordaremos, votar no distrito de Setúbal no CDS-PP é deitar fora um voto precioso.
* Ex-Presidente da Concelhia do Barreiro
Ex – Vogal do Conselho Nacional de Jurisdição
Ex-Conselheiro Nacional
Ex-Militante do CDS/PP